sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Saudade

A saudade é tanta que nem sei como se escreve. Existe letra capaz de explicar? Se tudo o que sinto se resume em querer me jogar na lembrança dos teus braços sem precisar dizer mais nada. Saudade é a vontade de voltar naquele dia, parar o tempo naquele abraço e dar replay sem precisar rebobinar. Saudade é você dormir pensando no primeiro beijo e ainda conseguir sentir o gosto do último. Saudade é tudo fazer lembrar, e nada poder substituir, é a vida jogando na sua cara que o futuro pode ser prazeroso se você tiver paciência, é a hora que passa arrastando e, quando chega, voa. E explicar é muito limitado, porque saudade é sentimento que cresce enquanto o amor permanece bem guardado. Ainda assim, pode ser que você tente, mas no final verá que saudade não se explica... Apenas se sente.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

E o que faltou

Toda pedra do caminho
Você pode retirar
Numa flor que tem espinhos
Você pode se arranhar
Se o bem e o mal existem
Você pode escolher
É preciso saber viver


Depois que passa é que a gente vê. Faltou dizer que a sua verdade não era mais a mesma, a sintonia era outra, mas ainda assim era só eu e você. Não sei se meus olhos não quiseram ver, ou se você que não quis me mostrar. Só sei que não vi. Faltou dizer que não eram os beijos, nem na promessa de amor eterno em que você me fez acreditar, era a minha convicção de que não podia ser outro, era pra ser você. Não que fizesse parte dos meus planos, mas todos os meus planos tinham mais que um dedo seu, tinham o corpo inteiro. Depois que passa a gente pensa. Faltou dizer que eu sempre amei cabelos lisos, mas era no seu cabelo enrolado que minhas mãos queriam fazer carinho. Era no seu peito que eu conseguia dormir sem me preocupar com o dia seguinte. Era o seu beijo que eu procurava toda vez que eu saía ou chegava. Era você que eu queria como pai dos meus herdeiros. E eu nunca fui de sonhar longe, mas você me levou a lugares que eu nunca ousei pisar. Faltou dizer que o seu sorriso era a melhor das fotografias e o cheiro da sua pele me deixava mais calma depois de um dia cansativo no trabalho. Andar do seu lado era como esquecer que existia um mundo lá fora que não tinha nada a ver com a gente. Um dia inteiro na sua presença era a prova de que nossos laços eram fortes e a rotina não parecia ser um inimigo.  Aquela viagem foi especial, assim como você também conseguiu ser. E faltou dizer que eu acreditei, por um bom tempo, no quanto tudo tinha significado no seu coração. Tentei esquecer aquele dia que você chorou vendo aquele filme de amor, tentei não lembrar a sua voz dizendo que o meu coração era um lugar ótimo de se morar. Só não sei a partir de que momento eu fui me perder do seu olhar. Desde quando as coisas pararam de fazer sentido e começaram a fazer você se afastar? Faltou dizer que iria doer muito te ver com outra pessoa, e quando cheguei a conclusão que parecia ser isso o que eu você queria,  doeu mais, e devagar. De um modo que me enojei dos seus passos largos com a mão direita no bolso. Mas depois que passa a gente ri. Faltou dizer que tem coisas suas no meu armário, só as lembranças que ainda dormem e acordam encostadas no meu travesseiro molhado. Faltou dizer que por um segundo eu me senti injustiçada por te amar demais e não entender por que você decidiu renegar esse amor. Não sei se te achei frio ou corajoso, talvez os dois. Me lembro bem dos dias que ainda tinha um pouco de você nas lágrimas e nas fotos que eu demorei a apagar. Mas depois que passa a gente entende. Entende que quando começamos algo não queremos terminar. Quando amamos não pensamos em esquecer. Quando sofremos percebemos que algumas pessoas simplesmente não merecem o nosso sentimento. Pode até demorar, mas a gente sempre aprende. É difícil e é normal. A gente começa a separar uma lágrima bem derramada, de outra, que transbordou em vão. A gente nota que a melhor saída é a porta de entrada pra alguma coisa nova, deliciosamente desconhecida. E eu não sei se falei demais, ou se me calei na hora errada. Até porque não me faltou dizer pra você não esquecer o quanto te amei, deu pra ouvir através da porta antes de eu pegar o elevador, eu até repeti. Mas faltou dizer que eu dei o melhor de mim, e sei a consciência que tem disso. Você só não sabe que depois que passa a gente vê que o que passou mesmo foi a chance de um fazer o outro feliz. E pode ter me faltado dizer que enorme vontade eu tinha de acordar todos os dias no teu sorriso, no teu olhar, nos teus braços. Mas vontade também passa, e ninguém melhor que você pra saber disso. Só faltou pedir pra você me ensinar antes de ir.
Karla Moreno

domingo, 7 de novembro de 2010

Charles Chaplin

Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato.
E então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome... Auto-estima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é...Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de... Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é... Respeito.
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável... Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... Amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei muitas menos vezes.
Hoje descobri a... Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é... Plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é... Saber viver!!!
 

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Brighter than sunshine

Faz pouco tempo e parece que não. O sorriso dele continua o mesmo, sarcástico e cínico. Adoro. Adoro porque o meu vai junto, num passo que só a gente entende às vezes. Pouco mais de um ano depois, e não parece. Mesmo! Não nos falávamos desde uma noite bem chorosa. O que não é digno de ser lembrado, mas foi o que aconteceu de fato. Sorte minha por ser um tremendo cara de pau. Ele, não eu. O meu preferido. Me ligou com a voz mais lavada e trêmula. Sim, tremeu. E eu falei na educação que mamãe me obrigou a ter. Não podia ter sido melhor, nem em momento mais propício. Não que eu babe litros, mas é de amizade que eu me refiro. E pode parecer clichê você ligar pro seu amigo pra falar de amor, mas sendo ele seu exx-namorado vira assunto de stand up comedy. Cacete! Quem melhor do que ele pra me convencer que o problema não sou eu? O cara já foi minha vítima! Eu vi aquele menino gorduchinho que ainda falava de jogos on-line com uma empolgação de adulto em filme pornô. Tivemos a oportunidade de crescer juntos e separados. E nossas conversas ainda costumam ter risadas como vírgula. Depois de um ano percebemos que nada mudou, só nós mesmos. Sorte por saber separar as coisas tão bem. Ele não, eu. E a nossa história parece novela global, com tanto vai-e-vem. Percebi que o que é nosso nunca se vai. Mesmo! Não precisamos forçar nada. Não temos necessidade de aparecer. Ele pode passar uma tarde inteira do meu lado, me convidar pra jantar, eu posso pagar o cinema dele, ou ficar até onze e quarenta da noite falando besteiras só minhas antes de ele sair com os amigos pra farra, e no fim tudo continua a mesma coisa. Ele pode até demorar pra atender o celular, mas sempre atende, e sempre retorna, e sempre pergunta como eu tô com aquela voz de acabei de acordar. Me diz palavras de conforto, não o que eu quero ouvir. Me abraça e eu me sinto protegida. Me afirma que posso ligar a hora que for e ele vai querer me ouvir. Eu rio das minhas crises e olho pra ele com cara de quem não sabe o que dizer, ele ri e faz cara de que sabe que eu não preciso dizer nada porque ele já entendeu tudo. E qual foi a parte que, de esquecido, ele passou a ser o melhor exx-namorado que qualquer garota gostaria de ter... não sei explicar. Mas sei que lembrar esse reencontro me faz esquecer  qualquer outro abandono. Sorte grande essa de saber amar um digno de ser amado. Minha e dele.

sábado, 16 de outubro de 2010

Náuseas

Enjoei de quem ama como se o amor fosse um contrato, como se as palavras fossem registros de que nada pode mudar. Cansei de quem sofre por amor como se o mundo fosse acabar hoje à noite, levando nos braços um travesseiro molhado de choro que deprime só de pensar. Esse tipo de gente que põe sentimento em tudo, que leva tudo a sério, que não brinca em serviço. Cansei de gente que pensa em amor como se fosse eterno, como se conto de fadas existisse pra você acreditar. Se permitir errar também é humano, pular fora é coisa de gente corajosa. Cansa esse negócio de querer tudo certinho, tudo pra ontem, como se a urgência fosse te tirar dos problemas que você já tem, sem te colocar em outros. Amar não é se relacionar, o amor vem depois, vem com o tempo, com os beijos, com as brigas. E eu cansei de gente que faz do amor um refúgio, como se a vida fosse virar de cabeça pra baixo por causa de alguém que você conheceu por acaso. O amor te faz acreditar em destino. O destino te faz perceber que o amor não é bem como você esperava. E eu enjoei de quem pensa amando, de quem fala com sentimento, e suspira como se o ar fosse pouco toda vez que lembra de algo insignificantemente inesquecível. Queria não me cansar, saber fazer passar, suportar essa onda de amor que me afoga os nervos. Mas as pessoas pedem pra eu não querer ouví-las toda vez que a música fala de amor. Porque eu não faço a mínima idéia de como me cansar disso sem me cansar de mim.