Dúvidas e incertezas

Hoje cedo acordei querendo não acordar, teu cheiro ainda tava no meu travesseiro, e o quarto ainda tinha sua presença, até minhas mãos ainda sentiam o seu toque. Me levantei e fui lavar o rosto na esperança de que uma outra face surgisse, uma menos triste, menos melancólica, mas a água deslizou e o espelho foi sincero o bastante pra me mostrar a realidade. A primavera não quis que chovesse, mas as circunstâncias fizeram chover dentro de mim, sentimentos, decepções, perguntas. Sentimento que descreve tudo que desde sempre foi indescritível pra mim, decepção que me faz pensar em tudo, nos meus erros, no meu orgulho, na minha vontade de obedecer sempre a minha vontade, e as perguntas que me faço sem saber se um dia terei respostas, perguntas difíceis, perguntas que não me deixam em paz. Entre risos forçados e o rosto virado pro nada, passei o dia assim, enrolada no edredom, no sofá da sala, lembrando de como foi bom. É, foi bom. Cada vez que me abraçava, seu beijo me trazia vida, parecia que tudo parava, cicatrizava qualquer ferida. Suas manias, seu jeito de me fazer cosquinha e depois pedir desculpas, sua voz dizendo “psiu, te amo”, seu prazer em lembrar que eu era única, que eu era sua. Lamento meus defeitos, meu egoísmo, meu jeito difícil, que nem eu mesma compreendo. Mas agora, permaneço me interrogando, apenas pensando, sem saber o que pode acontecer, sem saber o que é certo, o que devo fazer. É quando o edredom já não me acolhe do frio, é quando a tv já não me distrai, e a vontade de sumir me consome. Entre a liberdade e a dúvida, entre lembranças e incertezas. Sozinha não chego a conclusão nenhuma. Pra onde quer que eu olhe não vejo mais sua sombra, meu toque já não te alcança, meus pensamentos não me deixam dormir. E agora, pra quem eu vou falar de amor?

kakau moreno