segunda-feira, 5 de julho de 2010

Romantismo

Com você é como se escrever não bastasse. Preciso dos seus olhos, da sua resposta, da sua reação. Escrever é vago, é como um sentimento passageiro perdido em meias palavras que você lê e amanhã pode esquecer. E eu temo isso, seu distante silêncio. Temo que se perca nas letras do meu alfabeto, que se faça entendido quando na verdade não me compreende. Minhas cartas guardadas não sabem como seria se fossem lidas, minhas frases prontas não querem ser mais uma na sua lista. Elas querem sincerismo, querem sorrisos soltos, não repentinos, elas querem ser relidas. Mas elas estão guardadas. Assim como o que eu sinto dentro de mim. Escrever não basta pra quem carrega o que tenho aqui. É coisa pura, tem valor, sabe? É barato demais, e não quero me prender na angústia de não ver a leitura do seu olhar. De não saber se você decora as melhores partes. Ou se pensa o quanto especial é o sentimento estampado naquele pedaço de papel. Não quero me debruçar na expectativa, ela é traiçoeira. E também não quero ser exigente, seria chatice. O que eu queria mesmo era poder continuar escrevendo e vendo que o que sinto pode ser dito, de toda e qualquer forma, que será bem recebido. E que talvez possam tocar em um lugar que minhas mãos não alcancem. De maneira justa, na medida daquilo que quero transmitir. Eu chamaria de loucura. Mas muitos conhecem como romantismo.
Karla Moreno

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